Em uma das cenas mais icônicas de o Diabo Veste Prada – filme queridinho das amantes da moda – Andrea é confrontada por Miranda Priestly após debochar dos diferentes tons de azul de dois cinto que, em sua opinião, parecem iguais.

É então que a diretora da revista utiliza as próprias roupas de Andréa para explicar a influência que a moda tem sobre a vida da assistente, mesmo que ela não perceba.

Pondo os conflitos da trama de lado, Miranda pondera, de forma muito sutil, como a moda tem o poder de denunciar um período e ser o reflexo de uma época. Longe de ser fútil ou desnecessária, discutir a sua importância é vital, principalmente, se quisermos adquirir um estilo mais consciente.

Quando a moda foi inventada?

No princípio… tudo era igual! Isso mesmo. Apesar de o ser humano usar vestimentas desde a pré-história para se proteger do frio – com folhas e peles, por exemplo – ao longo de vários milênios as pessoas aderiam ao mesmo estilo de roupas, da infância até a morte.

Dessa forma, a variação das peças surgiu para distinguir o que era igual. Na idade média os artigos já seguiam um padrão segundo a classe social, com algumas leis restringindo certas cores e tecidos somente aos nobres, acredita?

Mas foi por volta do século XV, momento em que explodiu o renascimento na Europa, que a moda começou a ser associada ao estilo de vida e identidade pessoal dos indivíduos.

Naquele tempo, os artesãos criavam roupas volumosas e com ricos ornamentos para a realeza. Considerados representantes de Deus na terra, o objetivo dos nobres era se destacar.

Com o enriquecimento da burguesia (grupo social formada por comerciantes), o modo de vestir da corte passou a ser copiado como uma forma dessa nova classe demostrar seu poder.

Se hoje você se inspira em uma youtuber famosa ou em uma modelo despojada para montar os seus looks, no passado, os primeiros ícones fashionistas foram nada mais, nada menos que Luís XIV, o Rei Sol, e, mais tarde, a rainha Maria Antonieta.

Para você ter uma ideia de como o rei Luís XIV influenciou a moda basta olhar o armário de milhões do mulheres no mundo, certamente você encontrará um sapato de salto alto. Ao querer parecer mais alto, o baixinho e vaidoso monarca lançou uma tendência que nunca caiu – perdoe-me, mas eu não poderia desperdiçar o trocadilho, rs.

O Rei Sol ainda teve o mérito de transformar Paris na capital da moda, como conhecemos até hoje. Moda esta que tende a seguir o poder. Até a ascensão de Luís XIV ao trono, o império mais influente do mundo era a Espanha – com suas roupas sóbrias e pretas – e os costumes de Madri eram as referências do mundo, até então.

Com astúcia, o rei francês fez do seu país o líder mundial do luxo e da tecnologia, e é nesse contexto que nasce a famosa frase do ministro das finanças, Jean-Baptiste Colbert, de que “a moda é para a França o que as minas do Peru são para Espanha”. E foi então que o estilo francês se tornou o novo preto.

Pra que existe a moda?

Como você já percebeu, moda é muito mais que desfiles e peças exóticas. Desde a sua origem ela sempre esteve atrelada aos acontecimentos históricos de cada época.

Por meio dela podemos contextualizar hábitos e costumes, estudar o contexto econômico e, se formos mais além, analisar as motivações humanas em um lapso de tempo.

O guarda-roupas feminino, por exemplo, já contou com o espartilho como peça fundamental. Mas durante a segunda guerra, eles foram abolidos para proporcionar mais mobilidade para a mulher, que precisou preencher os postos remanescentes do mercado de trabalho.

Muitos consideram a moda como algo efêmero, fútil, repetitivo ou dispensável – e ela pode ser tudo isso – mas é também um elemento que surge na história como a representação cultural de um povo.

Diante desse apanhado histórico, e levando em consideração nossas conversas anteriores sobre consumo consciente, fica claro que o papel da moda, é um importante elo para a reafirmação da humanidade no indivíduo.

E para você? Qual o papel da moda na sua vida? Deixe um comentário, vamos adorar saber a sua opinião.

Por Camila Marinho Monteiro